segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Rasgar o chão





















Andar de skate é, para os praticantes, um ato de liberdade.


Porto. Rasgar o chão ao som da música - Tinha 11 anos quando brincou com um skate pela primeira vez. Aos 12 a heroína viciou-lhe o corpo e roubou-lhe a meninice. Carlos Moreira, conhecido por Tiger, voltou à "vida" quando tinha 22 e ao skate aos 25. O desporto deu-lhe um bem precioso, os amigos. "Estamos unidos pela mesma paixão. Onde quer que a gente vá no Mundo, com um skate nos pés, não há divisões, nem faixas etárias, nem estratos sociais. Não há ricos, nem pobres".

No Porto, a Casa da Música funciona como ponto de encontro. "O skate é o meu mundo e a Casa da Música é a minha segunda casa". Por isso, tatuou-a na perna. Por amor e como forma de expiar as tristezas. Quando perdeu o pai, quando o namoro acabou foi ao skate que se agarrou. "O skate deu-me lesões, mas nunca me deu dores de cabeça. Faz-me sempre esquecer as cenas más". Tem 36 anos. Ao som da música, e de crista ao vento, Tiger rasga o chão no seu skate em direção a uma das colinas onde faz manobras. "Somos um só, eu, o skate e a música". Apenas lamenta que o Porto não tenha um skate parque maior, como o da Póvoa de Varzim. "Um dia destes, vou lá passar uns dias", conta.

Maia. Mais do que um desporto, um estilo - É domingo e o sol desmaia, devagarinho, sobre os prédios da cidade da Maia. Atrás da Câmara Municipal, no skate parque, oito rapazes, metidos nos seus mundos fazem manobras. Filipe Cruz é um deles. De caracóis na cabeça e fones nos ouvidos, foca o horizonte. "Penso no skate e na manobra que vou fazer. É isso que me ocupa o pensamento quando ando de skate. Isso e a vontade de me divertir".

Foi aos 12 anos que teve o primeiro skate. Hoje, com 17, a sensação de ter asas nos pés continua a fazer com que se sinta livre. Por isso, não acha que pratica um desporto, "é um estilo de vida". "Sem medos. És tu e o skate". Uma relação que vai deixando as suas marcas. "Nunca parti nada, mas tenho muitas mazelas", diz a sorrir. O que acontece quase sempre quando tenta uma nova manobra. "Dá-me na cabeça fazer uma coisa e faço, mas nem sempre sai bem", explica, desconsolado. Um novo skate parque há de surgir na Maia, mas ainda não são conhecidos os pormenores. Até lá, o atual "spot" continua a ser um bom refúgio. O "escape para todos os dias".



quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Corpos de estudo



















As Inscrições aumentam, mas poucas famílias concretizam desejo dos dadores após a morte. Cadáveres não chegam para ensino.

Há cada vez mais pessoas a manifestar vontade de doar o corpo para estudo, após a morte. Ainda assim, o número de doações de cadáveres é insuficiente para as necessidades do ensino universitário porque as famílias nem sempre concretizam o desejo dos dadores. Porque não sabem, não se lembram ou não querem.


A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto agradece um ato de generosidade que permite formar melhores médicos para salvarem os vivos.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Vacas de Fogo





























A Vaca de Fogo consiste numa espécie de corrida à volta da capela na qual, um rapaz transporta às suas costas uma armação pirotécnica em forma de vaca, afugentando o rapazio à sua volta que se diverte enxotando o animal.

Através do ritual do fogo, o homem celebra o renascimento da vida e do seu elemento purificador, precisamente quando ocorre o solstício de verão ou seja, o momento em que o sol atinge o seu ponto mais alto no Hemisfério Norte, constituindo o dia mais longo do ano. Por seu turno, a vaca constitui um dos animais que se encontra simbolicamente associado aos ritos de fertilidade.

Com a conversão dos povos da Península Ibérica ao Cristianismo, estes ritos foram sendo incorporados nomeadamente nas festas são-joaninas – ou juninas – com as suas fogueiras, muito populares. Em Espanha, a tradição da Vaca de Fogo toma a designação de “Toro de Fuego”, constituindo um número imprescindível nas festas populares que se realizam na região de Valencia.

Os ritos pagãos celebram a ação criadora dos deuses, encarando a vida e a morte num ciclo ininterrupto de perpétuo renascimento, inscrevendo o solstício apenas como um local de passagem através do qual e por meio da ação purificadora do fogo, a vida renasce – é a ressurreição pagã!


As Vacas de Fogo voltaram a sair às ruas da Lixa, nas Festas em Honra de Nossa Senhora das Vitórias. O ritual mantém-se apesar de ser considerada uma actividade ilegal, animando assim a população que se recusa a apagar a tradição da historia