Há em Portugal modelos alternativos de prevenção e combate aos incêndios. Esta é a história da aldeia que comprou fardas e viaturas para combater ela própria as chamas quando a ajuda tarda, dos corpos privativos que guardam fábricas e eucaliptais das empresas de celulose, da corporação de sapadores criada de propósito para defender o maior tesouro natural do país. E da máxima que todos repetem sem cessar: o investimento compensa.
Depois de Pedrógão Grande em Junho de 2017, que fez 64 mortos, e da serra de Sintra em 1966, que vitimou 25 soldados, o incêndio mais mortífero de que há registo em Portugal aconteceu a 14 de junho de 1986 nas encostas serranas do concelho de Águeda. Nessa noite, 16 homens perderam a vida para o fogo que lavrava no Caramulo e que acabaria por engolir 8500 hectares de terreno.
Na aldeia de Belazaima do Chão, ninguém esquece a catástrofe, toda a gente conhecia alguém apanhado pelo inferno. Mas a dúvida que se colocava nos dias seguintes, com o verão prestes a começar e os bombeiros depauperados, era esta: que será dos que sobreviveram à catástrofe se o fogo se lembrar de descer o vale do Vouga? E foi aí que Manuel Antunes de Almeida, tão comovido como todos os outros, proferiu a alto e bom som: «Pois se não há meios de combate para nos defender tem de ser o povo a arranjá‑los.»
Depois do grande incêndio de 1986, o povo de uma aldeia de Águeda decidiu tomar o combate aos incêndios nas próprias mãos.
Manuel tinha 35 anos e nem sequer possuía terra, mas desde os 15 que se habituara a ir para a guerra sempre que o eucaliptal ateava. «O fogo mexia‑me com as entranhas, a mim e a todos os que viviam aqui. E, depois daquela tragédia, tínhamos de fazer alguma coisa.» E fizeram.
Primeiro foi um peditório na freguesia, para comprar o primeiro dispositivo de ataque ao fogo, «que se montava e desmontava em cima dos tratores e demorava tempo a chegar à mata». Perceberam logo que era solução escassa, precisavam de um carro que chegasse rápido aos incêndios. E então começaram a reforçar os pedidos de contribuições, a organizar quermesses, rifas e festas.
Em 1987, ele e os três mais empenhados fundavam a Associação de Proteção Civil de Belazaima do Chão, compravam um veículo de combate a incêndios e organizavam o povo da aldeia para o combate voluntário aos fogos da região. «Se viesse desgraça tocávamos a rebate o sino da igreja e o povo juntava‑se todo. Era o alerta.»
Passadas três décadas a associação tem dez viaturas – três autotanques, quatro veículos ligeiros de combate a incêndios e três veículos florestais, que perfazem uma capacidade de mobilidade de 35 mil litros de água. E garantem haver corporações de bombeiros no país com menos meios.
Os 45 voluntários vivem todos na freguesia, e ainda se juntam a rebate do sino. Na verdade, nenhum deles tem formação de bombeiro. Estão equipados com fardamento antifogo, dos capacetes às botas, mas vestem amarelo e preto. A lei diz que não podem usar as cores das autoridades oficiais. A lei diz que não podem combater as chamas. A lei foi criada 20 anos depois de a população andar a proteger as matas.
Belazaima do Chão é um exemplo do lado menos conhecido da prevenção e combate aos incêndios em Portugal. Por todo o país, há empresas, grupos de cidadãos e iniciativas públicas que investem na guerra ao fogo com sistemas complementares ao Estado. São bombeiros privativos, agentes especiais de prevenção, trabalhadores contratados para limpar as matas, vigiar as florestas e fazer‑se às chamas em propriedades privadas ou em matas protegidas.
São «os amarelos». Reforçam com homens e material o corpo nacional de proteção civil na defesa dos seus interesses específicos – áreas que não ardem, custe o que custar. Representam um investimento avultado, mas todos dizem que o que se gasta no reforço é compensado largamente pelo que se poupa em prejuízo. Matas que não ardem, equipamentos onde o fogo não chega, eucaliptais que permanecem intactos.
O modelo dos amarelos
«Se eu tiver um polícia em casa 24 por horas por dia tenho menos possibilidades de ser assaltado», diz Patrícia Cerdeira, porta‑voz do Ministério da Administração Interna (MAI). O governo sabe que estes modelos alternativos existem, que são eficazes e não é raro usa‑los como reforço aos dez mil bombeiros que estão operacionais em Portugal na Fase Charlie – a época crítica de incêndios, que normalmente dura de julho a setembro, mas que este ano começou mais cedo, a 17 de junho.
«É verdade que as áreas que eles protegem ardem menos, mas temos de ver que o trabalho destes homens está designado a territórios muito específicos, enquanto ao MAI cabe a administração estrutural do socorro em todo o país», defende o ministério. «Uma coisa que pouca gente sabe é que no dia da tragédia de Pedrógão, por exemplo, houve outros 156 incêndios em Portugal que precisaram de ser apagados.»
Para Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), a questão não é assim tão simples. «Temos por exemplo grandes áreas de eucalipto das empresas de celulose que nunca ardem. E isso diz‑nos o quê? Que as empresas não deixam desleixar o seu património.» As mesmas medidas são mais difíceis de aplicar em zonas de minifúndio, que é o grosso da floresta do país.
As associações de bombeiros têm uma pergunta para o Ministério da Administração Interna: se os privados conseguem salvar a floresta porque é que o Estado não o faz?
«Ainda assim, o Estado é completamente displicente. Os prejuízos com os incêndios em Portugal são em média de 200 milhões de euros por mês, e neste ano serão muito mais avultados. Com um investimento de 500 milhões anuais teríamos em todo o país as mesmas condições que existem nesses eucaliptais privados.»
Jaime Marta Soares, presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), alinha pela mesma bitola e até aponta as urgências: «É imperativo que cada corporação de bombeiros tenha uma equipa especial de intervenção. É urgente que o Estado comece a investir para evitar custos acrescidos. É preciso limpar as matas, vigiá‑las, ordenar o território.»
«Eu sei que os eucaliptos e os pinheiros não votam, que é preciso coragem política para tomar medidas impopulares. Mas estas gestões alternativas e estes modelos privados só nos mostram que há soluções e que elas funcionam. Os governantes continuam a ignorar as florestas e com isso estamos a perder vidas, estamos a perder o nosso petróleo verde, por puro desleixo dos governantes. O comportamento do Estado é pura e simplesmente criminoso.»
Hoje sai um autotanque amarelo de Belazaima do Chão, Vasco Oliveira e Manuel Serra seguem para um eucaliptal perto da aldeia, o dia está quente e é melhor vigiar a mata antes que venha tragédia. O primeiro é presidente da junta, e por isso cabe‑lhe a gestão da Unidade Local de Proteção Civil (ULPC).
Quando a Lei‑Base da Proteção Civil foi aprovada, em 2006, o Estado estabeleceu que podiam criar‑se ULPC nas freguesias. «Até aí, a relação com os bombeiros era mais tensa», admite o homem. Trabalhavam sozinhos, à margem das autoridades. «A autarquia percebeu a vontade de autoproteção do povo e promoveu o diálogo entre a nossa associação e a corporação de Águeda. Aceitámos as regras, mudámos o nome e pintámos tudo de amarelo para nos diferenciarmos. Hoje sabemos que não podemos ser a primeira linha, temos de servir de reforço. Mas, quando os incêndios acontecem no nosso território, somos os primeiros a chegar.»
Apesar de a lei não definir competências claras, Marta Soares, da LBP, é perentório: «As ULPC não podem intervir nos incêndios senão para apoio ao rescaldo e para prevenção. Não têm formação de bombeiros e podem tornar‑se um risco acrescido em cenários já por si perigosos.»
Vasco Oliveira admite que, hoje, obedecem às indicações do comando, mas também avisa que não vai deixar mato arder ao pé de casa. «De dez em dez anos, um hectare de eucalipto dá sete a dez mil euros ao seu proprietário. Foi a floresta que travou a desertificação nesta zona do país e, se temos os meios para nos proteger, não deixaremos de o fazer.»
Oficialmente, estas unidades não podem atuar sozinhas, são o reforço do sistema estatal. E no entanto muitas delas nasceram porque as populações não se sentiam seguras com as instituições. Contactada pela NOTÍCIAS MAGAZINE, a Autoridade Nacional de Proteção Civil diz não saber quantas ULPC existem em Portugal: «Não temos esses registos compilados.»
Gestão privada, benefício público
De todos os modelos alternativos que existem em Portugal na defesa contra o fogo o maior é provavelmente a Afocelca – Prevenção e Combate e Incêndios Florestais. Nascida em 2002 para proteger as propriedades das principais empresas de celulose do país (Portucel, Soporcel, Celbi e Silvicaima), acompanhou as alterações empresariais dos grupos económicos e está hoje ao serviço da The Navigator Company e do Grupo Altri, dois gigantes do setor.
Dispõe de um dispositivo de 300 homens, três dezenas de viaturas ligeiras de combate a incêndios, 24 carros pesados e três helicópteros com brigadas aerotransportadas. «Temos a nosso cargo a defesa de 220 mil hectares de floresta, de norte a sul do país», diz João Pedro Costa, chefe de operações. «Estamos distribuídos de modo a que, em 30 minutos, possamos estar em qualquer teatro de operações. Mas metade das intervenções que operamos não são em terrenos nossos, são de apoio aos comandos de bombeiros. Sobretudo com os meios aéreos.» Não é um serviço pago, mas o protocolo com o Estado diz que é o MAI a assegurar essas despesas.
Metade dos homens que combatem incêndios nos eucaliptais dasempresas de celulose são os mesmos que limpam as matas no Inverno.
A sala de comando fica na Figueira da Foz, um espaço com três enormes mapas a ocuparem toda a parede. Um do Norte do país, outro do Centro, outro do Sul. No pico da Fase Charlie, estão ali sete pessoas em permanência. «Em cada comando distrital de operações de socorro temos um agente de ligação que nos avisa por telefone se existir incêndio que represente perigo para as nossas propriedades.»
É o que acontece agora, há fogo na zona de Odemira e a primeira coisa a fazer é marca‑lo no mapa. Nos computadores, analisam‑se as variáveis: direção e intensidade do vento, temperatura, perigosidade. «Vamos mandar um veículo ligeiro, por enquanto não há grande risco», anuncia João Pedro. Ocorrências como estas repetem‑se várias vezes ao dia, e as equipas sabem que o trabalho funciona 24 horas. Por ano, registam seis mil ocorrências.
Os operacionais no terreno não são, para efeitos oficiais, bombeiros, antes sapadores florestais. Mas a maneira como atuam, e as ações que desempenham em nada divergem do trabalho das entidades homologadas como tal. Recebem formação na empresa, em vez de faze‑lo na Escola Nacional de Bombeiros.
«Há dias em que estamos no lodo, com múltiplas ocorrências e não temos por onde nos virar», diz João Pedro Costa. «Mas o pior que nos pode acontecer é o pior que pode acontecer aos bombeiros – ver algum dos nossos ficar ferido.»
Em 15 anos de atuação, sete trabalhadores da Afocelca perderam a vida para as chamas. «No ano passado tivemos um ferido grave, um dos nossos supervisores, que é meu sócio e um grande amigo. O carro despistou‑se e caiu de uma ravina para o meio do incêndio. Ainda está no hospital. É duro.»
Uma das bases de meios aéreos da empresa está instalada em Abrantes, onde as empresas de celulose detêm uma das suas principais manchas de eucalipto. Bruno Freitas é o supervisor da equipa, e hoje tem outro colega com idênticas funções no terreno, Horácio Ferreira. «A nossa grande vantagem em relação aos bombeiros é a velocidade com que conseguimos atuar. É muitíssimo frequente sermos os primeiros a chegar ao fogo», diz o primeiro, e o segundo concorda.
Há eucaliptos por todo o lado, depois uma casa tipicamente ribatejana, onde uma brigada aerotransportada se mantém em alerta permanente. Um piloto, mais cinco homens que seguem por meios aéreos para os incêndios quando é preciso. Rafael Marques, que se estreia neste ano na Afocelca, é bombeiro há vários anos. «Aqui damos por nós a extinguir o fogo com muito mais eficácia. As matas estão limpas, há caminhos abertos, têm alguns pontos descontínuos. É o que faz a diferença.»
Todos aqueles homens vivem na região, e isso é uma vantagem. Conhecem o terreno, entendem os ventos, sabem que os mapas nem sempre estão atualizados. «Enquanto os bombeiros têm de recrutar reforços de outras regiões, nós trabalhamos com gente que conhece o terreno», diz Horácio Ferreira.
Daí a minutos há de sair para visitar uma brigada terrestre, que faz vigilância a toda a floresta que se estende de Constância a Tomar. Os homens são seis, andam ali de binóculos a observar as copas das árvores, qualquer sinal de fumo e fazem‑se ao caminho no autotanque.
Todos eles trabalham para as mesmas empresas de celulose no inverno, a limpar a vegetação rasteira e as bermas das estradas, localizar pontos de água. «Já muitas vezes nos safámos por conhecermos bem as zonas onde operamos. Quando o fumo retira a visibilidade, não foi uma nem duas vezes que indicámos aos bombeiros onde podiam abastecer água», diz um deles.
Como guardar um tesouro
Esta história pode muito bem seguir para norte, porque desde o início de julho que há uma novidade no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Para proteger o maior tesouro natural do país, o Ministério do Ambiente decidiu criar dez equipas de proteção da floresta, duas por cada concelho com área de jurisdição no Parque (Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro).
«Depois do incêndio do ano passado no Soajo, onde arderam 6800 hectares, era preciso fazer alguma coisa», diz Jorge Dias, engenheiro florestal do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que coordena as equipas em Terras do Bouro, um dos municípios com mais área protegida.
O Gerês dispunha de 14 vigilantes para 70 mil hectares de área protegida. Agora chegou um corpo especial de 50 homens, para que a floresta não arda.
Estão dez homens a trabalhar na estrada da Pedra Bela, mesmo no coração da Mata Nacional do Gerês. Limpam fetos e giestas, vinte metros para cada margem do alcatrão. Há dias, fizeram o mesmo ao redor de algumas casas ali próximas, que tinham pinheiros a roçar‑lhes as paredes. Um perigo.
«Isto é a primeira lufada de ar fresco em muitos anos», confessa Tomás Azevedo, que trabalha para o ICNF há 24 anos. Foi sapador, vigilante da natureza, entretanto estudou e hoje é engenheiro florestal. «Durante décadas, fomos perdendo gente e meios e agora há um reforço de 50 homens, o que para nós é extraordinário. Veja, até aqui só tínhamos 14 vigilantes para cobrir uma área de 70 mil hectares. Agora podemos prevenir os incêndios, em vez de combate‑los.»
O projeto‑piloto do Ministério do Ambiente pode aparentemente representar um gasto, mas todos aqui acreditam que ele significará poupança. E que se expandirá a outras áreas protegidas. Além das equipas humanas, a que formalmente se chama Corpo Nacional de Agentes Florestais, também foram instaladas várias antenas de telecomunicações, para permitir uma espécie de SIRESP privativo do parque.
Nos próximos meses, além de limpar matas, os homens vão lutar contra invasoras, substituir o arvoredo resinoso pelas folhosas endémicas do país, vigiar e atacar os incêndios à primeira faísca. «Na floresta, muitas vezes, é preciso andar três horas a pé para se chegar às chamas», diz Jorge Dias.
Estes homens caminham com dorsais em que cabem 30 litros de água, podem atacar antes de os bombeiros chegarem. Mas a ideia nem é essa. A ideia é que o fogo não chegue. «É no inverno que se luta contra os incêndios. Enquanto não houver gente na floresta, enquanto o mato estiver entregue à sua sorte, as tragédias continuarão a acontecer.»
Os bombeiros antes dos bombeiros
Na Beira Litoral, pode contar‑se uma história diferente. Os Bombeiros Privativos da Vista Alegre foram a primeira corporação privada do país e nasceram antes do aparecimento de qualquer quartel estatal no distrito de Aveiro. A empresa foi fundada em 1824, e desde essa altura que alguns trabalhadores tinham funções de lutar contra as chamas.
Há relatos de combate a grandes incêndios no centro de Ílhavo e do Governo Civil de Aveiro ainda antes da fundação oficial, em 1880. São várias as empresas, entre fábricas e aeroportos, a adotar um modelo semelhante para se autoprotegerem dos incêndios. Além da segurança, um corpo privativo de bombeiros representa uma enorme poupança junto das seguradoras.
Antes de existir alguma corporação de bombeiros no distrito de Aveiro, já o corpo privativo da Vista Alegre operava em Ílhavo.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil, responsável pelo registo destas corporações, não conseguiu responder numa semana, apesar de múltiplas tentativas, quantas unidades funcionam no país. A Liga dos Bombeiros tem registadas nove, embora admita que possam existir mais.
Estes homens frequentam a Escola Nacional de Bombeiros, nada os distingue das restantes autoridades, simplesmente estão afetos às suas empresas. No caso da Vista Alegre, o único incêndio realmente grave dentro das instalações da empresa aconteceu na década de 1980, nas oficinas de pintura.
Luís Pelicano, que comandou o quartel de 1966 a 2000, recorda‑se bem desse dia. «Não estávamos bem equipados, mas conseguimos conter as coisas a tempo. A maior parte das ocorrências a que demos assistência aconteceram fora da empresa.» Ao seu lado, o antigo adjunto, João Rocha, que todos conhecem por Custódio, vai fazendo uma lista com os dedos. Uma fábrica de colchões em Vagos, um incêndio no regimento de Infantaria 10, em Aveiro, ou um incêndio que destruiu o quartel de bombeiros de Vagos.
As instalações dos bombeiros privativos está hoje cheia de relíquias, verdadeiras peças de museu. Há carros e escadas que um dia foram puxados a cavalo, há uma ambulância feita a partir de uma carrinha pão de forma, e depois há um par de veículos mais atuais, que são os que estão em uso.
«Já se sabe como são as empresas», diz Pelicano, «só gastam com o que for preciso. Então com o refugo das loiças começámos a organizar quermesses para comprar material, instalar postos de água, modernizar o que conseguíamos.» O homem tem 80 anos e guarda orgulho pelo trabalho feito. Os 600 trabalhadores da fábrica de Ílhavo, acredita ele, estão a salvo.
A corporação conta hoje com 17 bombeiros, liderados por João Machado e o seu adjunto, Rui Jorge. Um trabalha no armazém de expedição das loiças, outro na olaria, se os alarmes soarem abandonam o posto e partem para o socorro.
«Estamos mais preparados para incêndios industriais, claro, mas apoiamos sempre que nos pedem em missões na floresta. E, sabe», reflete o comandante, quase como se falasse com os seus botões, «antigamente não havia tanto fogo. Havia menos gente aflita. Nós sempre fizemos vigilância ao fim de semana, e gostávamos de continuar a fazer, mas agora parece que não nos querem no terreno. Não é bem isso. O que parece é que é tudo feito à pressa, sem grande coordenação. Ao menos nós aqui, olhe, estamos organizados. E também queremos ajudar. O país não pode continuar a arder assim.»
Texto Ricardo J. Rodrigues