sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A terra é portuguesa, quem a trabalha vem de fora
































Todas as semanas, às vezes por duas e três vezes, há uma carrinha que sai de Mirandela em direção a Sófia, capital da Bulgária. Tem lotação para doze ocupantes e os lugares vão quase sempre cheios, famílias inteiras num vaivém pelos extremos do Sul da Europa. No Ocidente trabalham, no Oriente matam saudades de casa. A viagem dura dois dias e meio, cada passageiro paga 120 euros por um itinerário quase sem paragens, não falta procura para a carreira dos eslavos. Mas, na verdade, quem é esta gente?

Há dez anos começaram a chegar ao interior norte e centro de Portugal para trabalhar nos campos que as gentes da terra tinham deixado às urtigas. Empregaram-se à jorna nas campanhas agrícolas, na maçã e na amêndoa, na vindima e na azeitona. No Sul há muitos tailandeses e nepaleses, sobretudo nas estufas de frutos silvestres em Odemira. Mas não há outro lugar onde se fixem tanto como no vale do Douro Superior. São búlgaros e cazaques, sobretudo. Numa década, estabeleceram-se e consolidaram-se como comunidade. E, quase sem repararmos, nasceu uma nova figura no mundo rural português.

O último Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo, feito pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), saiu há umas semanas com os dados de 2016. Castelo Branco, Bragança e Guarda são as regiões que mais crescem percentualmente em número de imigrantes residentes. Estes distritos registam aumentos superiores a dez por cento e, nos concelhos da Terra Quente Transmontana, como Alfândega da Fé ou Carrazeda de Ansiães, o fenómeno é particularmente intenso, com subidas na casa dos 15 por cento em relação a 2015. Apesar de haver hoje um debate nas cidades do litoral sobre a invasão de forasteiros,
a verdade é que o Porto regista um aumento de residentes estrangeiros de 4,9 por cento e Lisboa até apresenta um decréscimo de 0,2. Junto à costa há o turismo, claro, mas também há este acontecimento longe dos centros urbanos – um mundo inteiro a desaguar nos campos. Mal tínhamos dado por ele.

Em Alfândega da Fé abriu em meados de agosto o primeiro Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes da região. O concelho tem cinco mil habitantes que vivem quase exclusivamente da agricultura, aqui há maçã e pêssego, azeite e amêndoa. E há, registados, uma centena de imigrantes, mais de setenta deles provenientes da Bulgária. «Estes são os que estão cá a residir legalmente, porque também há muita gente que vai e vem para as campanhas agrícolas», diz Alexandra Castilho, assistente social no centro.

«Metade vive na vila, outros tantos estão a dar vida nova às aldeias. E, ao contrário do que seria de esperar, foram muito bem recebidos pela população. É a primeira vez em muitos anos que as pessoas veem as povoações a crescer, que veem chegar alguém com vontade de trabalhar os campos.» Mas estão integrados? «Começam a estar. Os primeiros vieram para cá há oito ou nove anos, há miúdos que já nasceram aqui, muitos falam a língua. A estranheza que havia no início vai-se dissipando com o tempo.» Os búlgaros passaram a ser gente da terra.



Há uma aldeia chamada Pombal onde vivem duas famílias da região de Peshtera, são umas vinte almas ao todo, num povoado onde não moram mais de oitenta. Quando se chega ao centro da terra há crianças que estão a brincar na rua e adolescentes agarrados aos telemóveis, já não é um cenário assim tão habitual no interior do país. Falam numa língua estranha, têm a tez carregada, a maioria é de etnia cigana.

Nevena Gadzheva foi a primeira a chegar, há oito anos. Tem 27 e um bebé chamado Tomás nos braços, que é filho dela e de Carlos Videira, pastor, português, o seu homem. Aqui toda a gente a trata por Fátima. «Vim na primeira leva de búlgaros», diz num português quase imaculado, os erres ainda arranham um pouco, mas a construção das frases é toda transmontana. «Depois da adesão à União Europeia [em 2007] houve muita gente que veio para Portugal e Espanha. Primeiro tentaram a construção civil, mas nessa altura já não havia tanto trabalho nas obras. Mas havia na vindima.» Quase todos chegaram assim, meio por engano.

A produção agrícola na Bulgária é menos intensa do que no Douro Superior, mas os produtos são, em boa verdade, bastante semelhantes. Lá como cá, há fruta e há amêndoa, há uva e azeitona. «Já sabiam um pouco da arte», diz o marido, que passou toda a conversa ao seu lado a corrigir-lhe a gramática, nem sempre apontando o caminho certo. A diferença com o outro lado da Europa é que aqui as culturas são mais intensas, às vezes em duas semanas é preciso arrumar cem ou duzentos hectares de terreno. «Trabalho não lhes falta, de certeza absoluta.»




A chegada destes imigrantes tem, nas palavras da autarca de Alfândega da Fé, uma relação direta com a inversão da crise agrícola. «Assiste-se hoje a uma diminuição significativa do abandono dos campos. Na última década houve investimentos que se tornaram muito lucrativos, como a amêndoa, a castanha e a vinha, mas também a fruta e o azeite, tudo produtos desta região», diz Berta Nunes. «O que vemos hoje é que quarenta por cento do que estava entregue às urtigas foi recuperado, e a tendência é que continue a aumentar. Por isso há realmente procura de mão-de-obra. Mais braços houvesse, aliás.»

A vintena de búlgaros que moram na aldeia de Pombal alinha pelo mesmo discurso: sobram empregos. «O problema é que se trabalha à jorna, as campanhas ocupam o verão e o outono e depois não há trabalho», diz Fátima, aliás Nevena, que sente responsabilidades acrescidas por ter convocado uma boa parte da família a mudar-se para Portugal. Tem ali a mãe, dois irmãos, cunhados, miudagem. Vivem em duas casas sobrelotadas e esse parece ser um problema recorrente na comunidade estrangeira. «Muitos vêm para trabalhar e ganhar dinheiro, a habitação não é uma prioridade», diz Alexandra Castilho, a técnica do centro de interpretação. «Mas a verdade é que também não há muitas casas disponíveis, e as que existem são edifícios que passaram anos em ruína.»

Como em todos os concelhos da região, os maiores empregadores de Alfândega da Fé são a autarquia e a Santa Casa da Misericórdia. Esses garantem contratos a tempo inteiro, tudo o resto são contratações de boca, umas semanas na campanha a trinta euros ao dia. Quase todas as famílias búlgaras recebem o rendimento social de inserção, para compensar os meses em que escasseia o labor.

Tinka Gadzheva, mãe de Fátima, decide mostrar a casa onde vive, para que se perceba do que estamos a falar. Uma habitação tipicamente transmontana, com a loja dos bois no piso térreo e o piso residencial por cima. Uma cozinha à entrada, onde há uma televisão sintonizada no canal búlgaro. Um quarto largo, onde cai chuva no inverno – é para ela, um filho e duas netas. Mais um quarto para três e outro para quatro. Casa de banho na varanda, mas o duche não funciona. A renda é de cem euros por mês, o que até nem está mal. «Há patrões que contratam e arranjam casas para os trabalhadores», diz, «esses é que têm sorte».

Não será bem assim. A chegada dos imigrantes ao mundo rural português trouxe um lado mais negro do que noite sem lua: o trabalho escravo. De norte a sul do país foram localizados nas últimas décadas grupos de estrangeiros a viver em espaços parcos, obrigados a trabalhar horas contínuas sem alimento ou descanso. «Há ajuntadores, normalmente pessoas do mesmo país de origem, que prometem aos donos das terras um grupo vasto de trabalhadores e depois vão angariá-los à Bulgária. Prometem um salário ao qual vai ser descontado o preço da viagem e do teto. Recebem o dinheiro de todo o grupo, administrando-o como querem», diz Berta Nunes, presidente da Câmara de Alfândega da Fé.



As autoridades têm reforçado a vigilância a estes grupos. Das 1500 inspeções que o SEF fez no ano passado por suspeita de trabalho escravo, 238 aconteceram em centros agrícolas – um recorde. Na larga maioria dos casos, não se verificou abuso de direitos. «Estas são comunidades muito pobres e muito vulneráveis», diz Alexandra Castilho. «É um bom sinal que a monitorização esteja a acontecer, é uma forma eficaz de prevenção.» Berta Nunes concorda, recorda que há dez anos acontecia a mesma coisa aos portugueses que iam trabalhar para campanhas no estrangeiro, em Espanha e França e na Holanda. «Só a estabilização da comunidade estrangeira permite contrariar este drama. Porque se os empregadores conhecerem os empregados, a probabilidade de eles estarem integrados e de se saberem defender é muito maior.»

Em Alfândega da Fé, vinte por cento das crianças que estudam no 1º ciclo são de origem búlgara. «Isto traz-nos sérias vantagens, mas também alguns embaraços», diz José Monteiro, diretor do agrupamento de escolas locais. «Por um lado, há uma abertura cultural para todas as crianças quando existem alunos de diferentes origens, por outro, há o problema de uma grande parte ter outra língua materna que não o português.» Não há estrutura nem número de alunos suficientes para contratar um professor de Português para estrangeiros, mas há professores que tentam frequentar workshops de integração e desenvolver técnicas específicas. «Temos de fazer muitas omeletes sem ovos.»

Há uma sala na escola onde a rapaziada estrangeira tem aulas de apoio específico. Tem mapas da Bulgária, o alfabeto cirílico pendurado na parede, mais umas fotografias dos principais monumentos do país.

«Às vezes fazemos umas semanas interculturais e os pais trazem pratos típicos do seu país, o que funciona bastante bem», diz Lurdes Nicolau, professora do 1º ciclo. O facto de ter tantos alunos de um país distante fê-la organizar umas férias em Sófia e no mar Negro, no ano passado. «Se eu conhecer a cultura deles, eles também vão querer conhecer a minha.»
O maior desafio para os professores é o abandono escolar. «Os pais trabalham nas campanhas agrícolas e temos muitos casos em que terminam as tarefas e regressam ao país de origem. Ou então mudam-se para outras regiões portuguesas onde há trabalho. Levam os filhos com eles e simplesmente não nos avisam, o que torna difícil seguirmos o rasto a estas crianças.» Nas mais das vezes, a escola aciona os mecanismos de alerta, através da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e do programa Escola Segura. Umas vezes as crianças são detetadas, outras vezes aparecem ao fim de uns meses. «Temos várias crianças de 15 anos no 1º ciclo, o que não é bom para ninguém.»

Há no entanto histórias de sucesso. Como a de Dimitar e de Asya, que têm 13 e 11 anos e vão começar as aulas no 8º e no 6º anos do ciclo. Os pais, Kamen e Eleanora Dimitov, vieram em 2009 para Alfândega da Fé, deixaram um passado na Bulgária onde ele trabalhava em mecânica e ela era professora primária. «Vivemos melhor aqui, a trabalhar na jeira», diz o homem, cansado de um dia na apanha da maçã. Anda a poupar dinheiro para levar os filhos numa viagem, nestes anos todos nunca saíram dos montes e já é tempo de ir ao Porto, levar a família a ver o mar.

Asya quer ser polícia, «para prender os homens que fazem mal aos imigrantes». Dimitar quer ser advogado, «para defender os que são presos injustamente». São bons alunos, os professores dizem mesmo que o rapaz é um dos melhores da escola. «Tenho mais amigos portugueses do que búlgaros, os de cá jogam melhor à bola.» Ele está no clube da terra, a Associação Recreativa de Alfândega, joga no meio-campo, diz que num Portugal-Bulgária apoiará sempre a equipa de Ronaldo. Na balança entre duas culturas, a única coisa que diz preferir do lado das origens é a comida. Os kebabs e as salsichas e o queijo.



Alfândega da Fé não tem grandes supermercados, mas de há uns meses para cá tem uma mercearia de produtos exclusivamente búlgaros. O concelho está no centro das terras que foram ocupadas por estas comunidades imigrantes e então Maya Angelova decidiu transferir para aqui a loja que tinha no Porto. «Nunca quisemos ir para Lisboa, era uma capital e as capitais são sempre demasiado grandes», sentencia ela da parte de trás do balcão. A maioria das prateleiras estão já vazias, que a procura tem sido muita e o reabastecimento só chega no final da semana. De massas a iogurtes, de charcutaria a congelados, sumos, cervejas, tudo o que ali se vende é made in Bulgaria.

Quando ela e o marido aterraram no Porto, em 2001, vinham com uma mão à frente e outra atrás e o silêncio infligido por não saberem patavina de português. Agora falam que se desunham. «Tivemos a sorte de encontrar uma associação de apoio aos imigrantes, a Olho Vivo, que nos deu abrigo, aulas e ajudou a encontrar trabalho.» Foram construindo a vida, mandaram vir os filhos, ao fim de dez anos abriram um supermercado de produtos nacionais com um microcrédito do centro de emprego. «Mas os búlgaros foram desaparecendo do Porto. Um dia, fomos visitar a feira da maçã em Armamar e percebemos que nesta região havia muita gente.» Em março de 2017 mudaram-se para o interior. Abastecem clientela de Bragança à Guarda. «Decidimos instalar-nos aqui, em Alfândega da Fé, porque é o coração da Bulgária em Portugal.»

Está um homem em cima de um trator nas vinhas que se debruçam sobre o Douro nas terras de Carrazeda de Ansiães. Ele tem os olhos rasgados, a pele amarelada, uma mescla de asiático com caucasiano e vai observando as uvas, prova uma ou outra, estão quase boas para a vindima. Khussan Sazmano chegou há quatro anos do Cazaquistão para trabalhar numa quinta da região demarcada e, apesar de ser muçulmano, quem é que consegue resistir aos vinhos daquele vale? «Apanhei o boom da produção de vinhos de mesa em Portugal», explica-se a si mesmo. «O vosso vinho está na moda, mas se não fosse a mão-de-obra estrangeira as uvas cairiam no chão.»

Carrazeda de Ansiães é um município pequeno, mas por causa da agricultura tornou-se um improvável caldeirão cultural. Aqui, vive uma grande comunidade búlgara e uma ainda maior comunidade cazaque – na verdade a maior do país, com 62 cidadãos oficiais. São terras de uva e de maçã, que nos últimos anos têm assistido a um dinamismo renovado de uma agricultura que esteve décadas a definhar. «Produzimos mais do que alguma vez no passado, diz Nuno Martins, 44 anos, proprietário de 25 hectares de maçã e pera que vende para a Europa inteira.

Desde as sete da manhã que anda um magote de gente a apanhar maçãs nos seus terrenos. A campanha começou há uma semana, há de durar mais duas, e veio gente de todo o mundo ajudá-lo com as mil toneladas que a terra lhe garante anualmente. Boncho Tomanov, um rapaz búlgaro que veio para Carrazeda com toda a família, é dos mais expeditos, e é ele que dá o tom à canção que todos entoam quando trabalham. Numa outra fileira há modas portuguesas, mais adiante a banda sonora tem tom da Ásia Central. Há todo um festival de músicas do mundo a acontecer num pomar discreto da terra quente transmontana.

Durante anos, face ao despovoamento da região, os produtores de Carrazeda de Ansiães entregaram-se ao sequeiro, que exigia menos cuidados e cujo trabalho podia ser executado por máquinas. «Era pouco lucrativo e os campos foram sendo abandonados», continua Nuno Martins. «De há uma década para cá, com a chegada dos imigrantes, ganhámos finalmente braços que nos ajudaram a converter as terras para culturas intensivas e recuperar a economia.» Quem atravessa hoje o parque industrial da vila verifica que há uma dinâmica renovada. Nuno e mais meia dúzia de produtores criaram uma cooperativa de frutícolas, abastecem as grandes superfícies do país inteiro, exportam para França, Angola, Dubai. «Os portugueses emigraram, mas agora vieram os imigrantes compensar a gente que faltava. Estamos muito felizes por eles estarem aqui. São a nossa salvação.»

É tudo gente que veio de longe, muito longe. A maioria dos cazaques são islâmicos, a maioria dos búlgaros são ortodoxos, e no entanto as diferenças sociais fluem pelas terras sem constrangimentos de maior. «Quando precisamos de fazer uma cerimónia religiosa, juntamo-nos em casa uns dos outros e rezamos juntos», esclarece Abdunabi Tursunmetov, que aqui todos tratam por Nabi, um cazaque de 55 anos que vive em Carrazeda há nove anos e que trouxe todos os outros atrás dele.

É motorista na cooperativa de frutas, tem contrato a tempo inteiro. A mulher trabalha nas embalagens, os filhos vieram de Astana para trabalhar nos campos. E trouxeram primos, amigos, familiares de familiares. É sempre assim que chegam. Nas mais das vezes vêm de carro, nove dias até atracarem no paraíso do Douro. Trabalho duro, mas uma vida digna. «A única coisa de que sentimos realmente falta é do hammam», confessa, quando se põe a tentar enumerar desvantagens da vida no lusitano retângulo. Aqui, vaticina, há spas que não fazem justiça às massagens nas saunas húmidas do seu país.


A sua nora soube que uma massagista portuguesa emigrada na Suíça tinha vindo passar uns dias a Carrazeda e Nabi tratou logo de contratar os seus serviços para toda a família. A alegria foi tanta que decidiram montar de imediato um banquete, hoje é dia de recuperar as tradições cazaques, matar saudades de casa. Numa sala forrada a tapetes, cartazes de Meca e bandeiras cazaques monta-se a mesa. Primeiro uma toalha cheia de motivos barrocos, depois os pastéis de massa, os pastéis de borrego, a massa com carne de borrego. Fosse no Cazaquistão e beberiam chá, mas já são gente do Douro, há tinto e há porto em cima da mesa. «Não sei se algum dia vamos querer voltar à nossa terra. Quando cultivas alguma coisa, quando vês a natureza devolver-te com fruta o suor do teu trabalho, ficas ligado para sempre a estas árvores e a este chão.» Com isto despeja um pouco de natas azedas sobre os pastéis, despeja o vinho e dá o mote a tudo o que interessa: «Bom, vamos comer.»



Texto Ricardo J. Rodrigues

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Pedrógão Grande, três meses depois...













































Passaram 3 meses desde o trágico incêndio que dizimou Pedrógão Grande e as freguesias à volta, desse incêndio resultaram 64 mortes e inúmeros estragos. Após todo o país ter doado 15 milhões de euros para ajudar, o dinheiro demora a aparecer e o processo de recuperação das aldeias e a ajuda às vitimas, chega lentamente, num local fustigado onde os estragos e destroços estão ainda hoje presentes.